domingo, 15 de janeiro de 2012

Poesia da Carmen Sílvia - Entre o fim de um ano e o início de outro...


                                   Entre o fim de um ano e o início de outro...

          Entre o fim de um ano e o início de outro,
        vontade de um novo livro autografar.
        Há muito que se gerar, gravar, grafar!

        Entre o fim de um ano e o início de outro,
        a emoção de ouvir mamãe a cantar,
        com o Coral da igreja São Benedito,
        a “Ave Maria de Gounod” e o “Creio em ti”,
        no CD – “Carmen, a voz que venceu”!
        Mamãe nunca esmoreceu.

        Entre o fim de um ano e o início de outro,
        A minha indignação com uma notícia :
        Cavalos que puxam as carruagens
        no Central Park de Nova York,
        transportando milhares de sorridentes turistas,
        tombaram de exaustão.
        Alguns morreram, vítimas da poluição.

        Entre o fim de um ano e o início de outro,
        mais um cavalo tomba...
        Esmorecido...
        Agora, na rua Amando de Barros.
        Puxador de carrocinha,
        de dono catador de reciclados,
        ele desmaia,
        diante de seres desumanizados.

        Entre o fim de um ano e o início de outro,
        leio a reportagem:
        Mãe feliz, grávida de quatro meninas!
        Ventre distendido,
        enorme,
        mostra as vidas
        por seus pais tão queridas!

        Entre o fim de um ano e o início de outro,
        vejo fotos das grávidas do crack.
        Ventres distendidos,
        enormes,
        mostram as vidas falidas
        de mães destruídas.

        Entre o fim de um ano e o início de outro,
        na cracolândia desmantelada de São Paulo,
        uma sogra busca sua nora
        e o neto que está em seu ventre.
        Quer salvá-los
        da rua e da perdição.
        Basta um filho na prisão!

        Entre o fim de um ano e o início de outro,
        o cristalino azul de nossa piscina
        cedeu lugar ao verde.
        A grama esmeralda acena para o azul do céu,
        tecendo na Verde-Esperança
        o reflexo do mais belo véu!

            Carmen Sílvia Martin Guimarães

            Botucatu, 12 de janeiro de 2012.

Um comentário:

  1. Silvia Martin Gonçalves23 de janeiro de 2012 às 05:37

    Que lindo poema minha prima, parabéns !
    Silvia Martin

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